
Antes que eu tivesse nascido, meus pais compraram um terreno com uma pequena casa ao lado do terreno que a família da minha mãe já possuía. Por uma razão desconhecida por mim, meus pais não foram morar nessa pequena casa de imediato, antes alugaram uma casa em outra cidade e nessa nova cidade eu morei do meu nascimento até os seis ou sete anos de idade.
Um determinado dia, meus pais decidiram que era a hora de deixarmos a despesa do aluguel e construirmos uma nova casa no terreno que eles possuíam. Entretanto, a situação financeira não possibilitava que meus pais assumissem a despesa de uma construção daquele porte e continuassem a pagar o aluguel da casa em que morávamos. Vendo nosso dilema, a família da minha mãe concordou em nos ajudar e cederam uma casa que estava vaga no terreno ao lado do nosso.
A casa era muito antiga. Foi a primeira casa em que meus avós maternos moraram assim que chegaram do nordeste. Tinha apenas uma cozinha (que eu achava enorme), uma sala, um quarto e um banheiro. Era coberta com telhas (não havia casa de laje na época dos meus avós) e o telhado precisava de reparos em várias partes.
Eu e meu irmão dormíamos na sala e não nos incomodávamos com essa imposição, pois sabíamos que um quarto estava sendo construído para nós na casa nova. O maior inconveniente era em dias de chuva forte: as telhas quebradas se revelavam e as goteiras apareciam com uma intensidade incrível. Lembro-me de ver minha mãe posicionando vários baldes pela cozinha para conter os vazamentos que vinham do alto. A varanda então, nem se fala, se transformava em uma piscina. Os vazamentos no telhado da varanda eram tantos que eu, meu irmão e meus primos brincávamos de deslizar deitados com a barriga no chão para ver quem chegava mais longe (esqueci-me de dizer que a varanda se estendia por toda a frente da casa). Os dias de chuva eram, de fato, transtornos para meus pais e diversão para as crianças.
Quando nos mudamos para a casa nova pude ver a satisfação no rosto de meus pais por estarem nos proporcionando mais conforto e tranquilidade e depois de alguns anos a velha casa dos meus avós foi completamente demolida e reconstruída para que outros primos morassem nela definitivamente.
Assim a palavra de Deus nos ensina “em verdade vos digo que qualquer que não receber o Reino de Deus como criança, de maneira nenhuma entrará nele” (Mc 10:15).
Receber o Reino de Deus como criança é saber que, apesar de toda e qualquer adversidade presente, termos a convicção que nosso Pai está preparando uma morada melhor e mais excelente e isso nos faz superar as dificuldades, pois sabemos que nenhuma tribulação é maior que a graça vindoura de Deus. Receber o Reino como criança nos mostra que é possível fazer das dificuldades motivos para nos aproximarmos do Senhor e depender dEle para que a solução chegue até nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário