sábado, 30 de abril de 2011

Só uma Luta


Não me lembro como ou quando começou meu interesse pelo judô, mas é certo que meu tio (que era praticante) foi decisivo na minha entrada nesse esporte. Ele já não treinava com tanta frequência, mas brincava com os sobrinhos aplicando alguns golpes e nos segurando para que não caíssemos no chão. Eu simplesmente me deliciava com aquela brincadeira e ficava pensando quando poderia começar a treinar. Minha ansiedade aumentou quando meu tio me mostrou um livro pequeno, de capa vermelha, cujo título era apenas “O Judô”. Folheei aquelas páginas com curiosidade. Ali estava a origem e a história do judô, seus fundamentos básicos e algumas técnicas avançadas. Aquilo me fez ter certeza de que eu queria entrar naquele mundo fascinante das artes marciais.

Mas as coisas não saíram bem como eu queria. Aos onze ou doze anos, uma lesão séria na coluna me fez iniciar um tratamento que duraria alguns anos e me impossibilitava de praticar judô. Só pude começar a treinar por volta dos dezesseis ou dezessete anos (muito tarde para transformar alguém em um campeão olímpico), mas mesmo assim eu iniciei o treinamento.

Com pouco tempo no esporte, fiz minha inscrição na federação para poder participar das competições oficiais. Eu nem ligava para o fato de ainda estar nas faixas iniciais, meu interesse era aprender e participar das competições. Finalmente minha espera terminou: eu iria participar das eliminatórias regionais que classificaria os quatro primeiros colocados de cada categoria para o campeonato estadual. Muitos atletas da minha academia participaram e como as competições eram abertas ao público, convidei meu irmão, minha cunhada e duas primas que estavam passando o fim de semana na nossa casa.

Eu estava muito empolgado com a ideia de participar daquele torneio e eu competiria na categoria de 86 a 95 quilos, mas minha empolgação acabou quando vi quem era o meu primeiro adversário. Apesar de eu ser um pouco mais alto, ele parecia muito mais forte e a faixa que amarrava seu uniforme indicava que ele tinha muito mais experiência que eu.

Dava para ver no meu semblante que eu já dava a luta por perdida. A evidência disso era tão clara que enquanto eu aguardava a chamada para a luta, meus colegas de academia me perguntavam o motivo do meu abatimento. Conforme eu enumerava as respostas, ouvia suas palavras de incentivo: -O que é isso! Uma faixa não ganha a luta!

Fiquei ligeiramente mais confiante depois de ouvir essas palavras, mas, ao ficar lado a lado na fila de entrada no dojô, olhei a expressão facial do meu adversário e ele estava tão concentrado na luta que eu interpretei seu olhar fixo como uma grande ameaça a minha integridade física.

- Vou levar uma surra!

Foi o que passou pela minha cabeça naqueles segundos que antecediam o início do combate de quatro minutos. Já não era mais possível desistir (mesmo estando congelado de medo até a alma), pois já haviam anunciado nossos nomes (meu adversário se chamava Clóvis), então pensei em uma estratégia que poderia (eu disse PODERIA) me dar uma chance de vitória. Se você se lembra do início dessa história, talvez lembre que o livro do meu tio ensinava algumas técnicas avançadas de judô, pois bem, eu achei que se aplicasse nele uma dessas técnicas iria surpreendê-lo e, quem sabe, poderia vencer a luta.

Tão logo ouvi o comando do árbitro para o início, cumprimentei meu oponente e passamos os segundos iniciais ajeiitando a “pegada” no quimono do adversário. Assim que senti o tecido com firmeza nas minhas mãos, apliquei uma técnica conhecida como uchi-mata (que eu só aprenderia nas faixas finais, mas que nós praticávamos com os atletas mais experientes na academia), porém quando eu acreditei que minha investida tinha funcionado, percebi que meu adversário estava me puxando para trás e calçando meu pé de apoio para que eu caísse com as costas no tatame. Não deu outra: perdi o equilíbrio e toquei o chão com as costas no chão. Toda a luta não demorou mais que quinze segundos.

Eu não vi nada do que aconteceu ao redor do dojô, mas meu irmão me disse que no momento em que eu caí, minha cunhada se levantou na arquibancada para me incentivar e ele (que também praticava judô) disse baixinho pra ela:

-Senta aí, porque ele já perdeu!

De fato, ele tinha razão. O juiz anunciou o ipon e encerrou a luta. Saí do tatame com uma mistura de sentimentos: vergonha, decepção e alívio.

Depois, passei a assistir às lutas de meus colegas enquanto aguardava a chamada para minha próxima luta. Curiosamente isso não aconteceu. No lugar ouvi meu nome sendo anunciado na fase de premiações (???), foi então que me dei conta de um detalhe: só havia dois inscritos na categoria em que eu competi. Foi preciso só uma luta. Eu havia perdido, mas ganhei uma medalha de “segundo” colocado e ainda ganhei uma das vagas para disputar o estadual (que também foi marcado por outro fiasco meu!). Além de mim, apenas mais um atleta de nossa academia conseguiu se classificar (ele ficou em primeiro lugar na categoria dele).

Novamente eu senti uma mistura de emoções: um pouco de constrangimento pela “classificação”, mas uma alegria muito grande por estar com uma vaga garantida no campeonato estadual.

Na nossa vida com Deus também acontecem situações parecidas. Muitas vezes somos surpreendidos por aparentes fracassos quando esperávamos vitórias. Somos abatidos pelo adversário que nos joga com as costas no chão enquanto nós saímos de combate querendo saber o que deu errado.

Muitas coisas são ensinadas a respeito da “vida vitoriosa” dos crentes em Cristo Jesus e muito do que se ensina nem sempre está de acordo com o que a Palavra de Deus nos mostra. A ideia que mais se tem espalhado no nosso meio é que aqueles que são fiéis ao Senhor não podem ser acometidos por tristezas, pelo desemprego, pela doença ou por outro mal qualquer. Mas como disse há pouco, não é isso que a Palavra nos ensina:

No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (Jo 16:33b)

A parte inicial deste mesmo versículo desfaz o nosso equívoco acerca do que é, de fato, vitória para o crente:

Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz.”(Jo 16:33a)

Paz é a palavra fundamental para que entendamos o conceito de vitória que Deus deseja para nós. Quando Paulo transmite a revelação que recebeu do próprio Senhor Jesus sobre nossa natureza espiritual vencedora ele usa as seguintes palavras:

Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou.” (Rm 8:37)

As tais “coisas” pelas quais estamos sujeitos a passar antes de sermos chamados de “vencedores” são justamente as tribulações que Jesus anunciou no evangelho de João. Paulo ainda faz uma comparação interessante:

Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro.” (Rm 8:36)

As ovelhas não se desesperam como os demais animais quando percebem que estão prestes a morrer, elas não se debatem como se implorassem pela própria vida como fazem outros tipos de rebanho. Ovelhas encaram a morte com uma postura que nos lembra a dignidade de alguém que defende aquilo em que acredita e está disposto a morrer por isso. Se fosse possível perguntar o porquê da aceitação das ovelhas diante de destino tão cruel, certamente ouviríamos uma resposta semelhante a esta:

- Eu não vou abrir mão do que eu sou por causa de uma situação adversa!

Em outras palavras, nossa paz não pode depender da situação que estamos atravessando. Nossa confiança não pode estar estribada nos troféus que acumulamos na estante de nossa vida espiritual. Não devemos associar que o acúmulo de bens ou o sucesso profissional são a evidência derradeira de que somos “vencedores”, basta ler a parábola do rico que acumulou suas colheitas em celeiros (Lc 12: 16 – 20).

Nossa paz independe de circunstâncias, pois Jesus é o príncipe da paz. Príncipe nesse contexto não significa o filho do rei, mas aquele que é a causa, a origem da paz. É o Senhor Jesus a causa, o motivo e a razão da nossa verdadeira paz.

Quantos estão com seus celeiros cheios, mas abriram mão da fidelidade a Deus para experimentar a falsa sensação de paz e segurança que os bens podem proporcionar. Quantos apostatam da fé e, ainda assim, por meios ilícitos, acumulam riquezas. Para tais pessoas a noção de vitória passa bem distante da verdadeira causa da vitória: a paz oferecida por Deus para que possamos enfrentar as adversidades.

José do Egito conhecia muito bem a metodologia de Deus para conceder a vitória a alguém. Ninguém (humanamente falando) foi mais abatido que José até ser exaltado como o segundo homem do Egito. Talvez eu e você nas mesmas condições tivéssemos cedido à tentação de acreditar que não havia mais nenhuma possibilidade de vitória em meio a tantas situações adversas. Mas Deus é especialista em fazer surpresas:

Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes” (1Co 1:27)

Em toda a sua trajetória até a masmorra não faltou a José a paz que só Deus poderia utilizar mais tarde para transformar derrotas em vitória. Se tivesse cedido ao ódio (muito compreensível naquela situação), ele não seria capaz de dar ao faraó a resposta inspirada por Deus que fez sua sorte mudar tão radicalmente. Um coração iracundo nunca se importaria com a vida ou a morte de uma nação que tanto o oprimiu.

Felizmente (para o próprio José e para todo o povo de Deus) José escolheu a paz que excede todo o entendimento e pôde entender verdadeiramente o sentido da palavra vitória: Conservar sua fé enquanto espera que o Senhor Jesus apresente o plano maior que tem para nossa vida. Afinal, talvez não tenhamos mais um Egito para alimentar, mas sempre haverá para nós uma próxima luta em que a derrota poderá nos abater, mas não poderá arrancar de nós a medalha de vencedor que Jesus nos concedeu ao nos resgatar da morte eterna.

sábado, 23 de abril de 2011

Feijão no Ouvido

No finalzinho dos anos setenta e no início dos anos oitenta houve uma crise de abastecimento de feijão no estado do Rio de Janeiro, como eu ainda estava no jardim de infância, eu não sei precisar o tamanho nem a duração desse problema, mas esse é um detalhe que não passa despercebido nesta história.

Como eu disse, eu estava no jardim de infância e comecei a me queixar de dor no ouvido. Como qualquer mãe, a minha tinha uma “farmácia” de remédios para criança colecionados das várias visitas ao pediatra e pingou algumas gotas de um dos remédios em meu ouvido. Aquela era uma situação que minha mãe tinha vivido várias vezes e ela não se perturbou muito a princípio, porém a preocupação cresceu com a persistência da dor.

Já havia se passado alguns dias e a dor de ouvido não melhorava, ao contrário, o problema aumentava. Minha mãe me levou a um hospital de emergência e lá, o médico que me atendeu disse que havia um objeto estranho em meu ouvido que parecia ser um grão de feijão. Minha mãe, de imediato, duvidou e falou ao médico que era pouco provável ser um grão de feijão em função da crise de abastecimento, mas autorizou o médico a fazer a remoção daquele corpo estranho.

Lembro-me que, antes de extrair o objeto, o médico ainda foi simpático comigo tentando apostar se sairia um grão de arroz ou de feijão, mas era tudo estratégia para me distrair da intervenção dolorosa que aconteceria. Acho que foi minha tia que me segurou para o médico pinçar e remover o que se revelaria um grão de feijão. Minha mãe diz que o ouvido estava tão inflamado que um pequeno fio de sangue correu por um curto tempo após a extração do grão.

O curioso (e por que não dizer “engraçado”?) foi que o feijão estava inchado e (pasmem!) germinando. A casca já havia se soltado do miolo e o grão já estava rachado ao meio com um milimétrico broto apontando. Saí do hospital no mesmo dia e hoje sou muito grato a Deus por ter a audição perfeita e por não ter me tornado a primeira criança do mundo a carregar um pé de feijão no ouvido.

Depois de muito pensar, minha mãe descobriu que o grão que “entrou” em meu ouvido veio de um trabalho manual feito na escola que envolvia a colagem de grãos de feijão em uma figura.

Até hoje damos risadas quando minha mãe conta essa história em família, mas uma simples traquinagem (sim, fui eu mesmo que coloquei o feijão por um ouvido acreditando que ele sairia pelo outro!) poderia ter se tornado um problema muito sério. Felizmente minha mãe percebeu seu erro a tempo: o remédio que deveria aliviar minhas dores estava piorando a situação. Quando ela procurou ajuda médica e parou de “regar” a plantinha antes que ela germinasse por completo, aí sim, encontramos a solução.

Quantas vezes não agimos assim em relação a Deus?

Não notamos que introduzimos em nossa vida uma pequena semente do pecado, depois não percebemos que passamos a alimentar o pecado com nossas atitudes de autossuficiência e agravamos a doença de nossa alma.

Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos.” (Tg 1: 14-16)

A Palavra diz que somos tentados pelos nossos próprios desejos enganosos (concupiscência). É ela o pequeno grão de feijão que colocamos, não no nosso ouvido, mas na nossa alma. Acreditamos que satisfazendo nossos desejos, eles sairão de nós, que eles deixarão de nos tentar, como eu acreditei, ingenuamente, que o feijão sairia pelo meu outro ouvido.

A verdade é que um desejo enganoso alimenta outro. Quando percebemos, estamos em um círculo vicioso do qual não conseguimos sair sozinhos. O Palavra do Senhor nos alerta quanto a essa situação quando diz que um abismo chama outro abismo (Sl 42:7) e ,depois que o pecado cria raízes, sua extração se torna, crescentemente, mais difícil e dolorosa.

O grande problema do pecado é que ele nos cega para o verdadeiro remédio e nos empurra em direção a uma vida cada vez mais corrompida. A torpeza causada pelo pecado é tão grande que acreditamos que a única solução possível nos trará um mal ainda maior. Por causa da nossa autossuficiência, achamos que Deus se comportará como um homem e nos jogará no rosto os nossos pecados e depois virará as costas, por isso queremos resolver o problema sozinhos e lançamos sobre nosso pecado paliativos que só o farão crescer e se fortificar e germinar se transformando em raízes de iniquidade. Há pessoas que carregam árvores inteiras de iniquidade porque decidem esconder de si próprias a realidade de que são falhas e que necessitam de ajuda.

Deus tem prazer em nos resgatar, mas Ele não pode consentir o pecado e quando a iniquidade se torna um traço do caráter da pessoa só há uma decisão que o Senhor pode tomar:

Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.” (Mt 7: 17-19)

Felizmente, quando admitimos nossas limitações, quando deixamos que Jesus assuma o controle da situação somos surpreendidos pela Sua graça:

O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Pv 28:13)

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 Jo 1: 9)

Só quando nos submetemos ao tratamento correto, quando admitimos nossa incapacidade em lidar com o pecado e nos livrarmos dele com nossas próprias forças, deixamos que a graça de Jesus faça o seu trabalho. Somente pela graça (não pelo nosso esforço) somos livres de todo o pecado:

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8)

É apenas o Senhor Jesus aquele que pode nos sondar, ver dentro de nós onde estão e quais são as raízes que o pecado instalou em nossa alma e, como um médico bondoso, nos confortar enquanto arranca de nós o mal que, certamente, nos condenaria.

E depois que aceitamos todo esse tratamento, podemos ver um fio de sangue correndo, não de nossas almas, mas do coração amoroso daquele que se entregou em nosso lugar.No finalzinho dos anos setenta e no início dos anos oitenta houve uma crise de abastecimento de feijão no estado do Rio de Janeiro, como eu ainda estava no jardim de infância, eu não sei precisar o tamanho nem a duração desse problema, mas esse é um detalhe que não passa despercebido nesta história.

Como eu disse, eu estava no jardim de infância e comecei a me queixar de dor no ouvido. Como qualquer mãe, a minha tinha uma “farmácia” de remédios para criança colecionados das várias visitas ao pediatra e pingou algumas gotas de um dos remédios em meu ouvido. Aquela era uma situação que minha mãe tinha vivido várias vezes e ela não se perturbou muito a princípio, porém a preocupação cresceu com a persistência da dor.

Já havia se passado alguns dias e a dor de ouvido não melhorava, ao contrário, o problema aumentava. Minha mãe me levou a um hospital de emergência e lá, o médico que me atendeu disse que havia um objeto estranho em meu ouvido que parecia ser um grão de feijão. Minha mãe, de imediato, duvidou e falou ao médico que era pouco provável ser um grão de feijão em função da crise de abastecimento, mas autorizou o médico a fazer a remoção daquele corpo estranho.

Lembro-me que, antes de extrair o objeto, o médico ainda foi simpático comigo tentando apostar se sairia um grão de arroz ou de feijão, mas era tudo estratégia para me distrair da intervenção dolorosa que aconteceria. Acho que foi minha tia que me segurou para o médico pinçar e remover o que se revelaria um grão de feijão. Minha mãe diz que o ouvido estava tão inflamado que um pequeno fio de sangue correu por um curto tempo após a extração do grão.

O curioso (e por que não dizer “engraçado”?) foi que o feijão estava inchado e (pasmem!) germinando. A casca já havia se soltado do miolo e o grão já estava rachado ao meio com um milimétrico broto apontando. Saí do hospital no mesmo dia e hoje sou muito grato a Deus por ter a audição perfeita e por não ter me tornado a primeira criança do mundo a carregar um pé de feijão no ouvido.

Depois de muito pensar, minha mãe descobriu que o grão que “entrou” em meu ouvido veio de um trabalho manual feito na escola que envolvia a colagem de grãos de feijão em uma figura.

Até hoje damos risadas quando minha mãe conta essa história em família, mas uma simples traquinagem (sim, fui eu mesmo que coloquei o feijão por um ouvido acreditando que ele sairia pelo outro!) poderia ter se tornado um problema muito sério. Felizmente minha mãe percebeu seu erro a tempo: o remédio que deveria aliviar minhas dores estava piorando a situação. Quando ela procurou ajuda médica e parou de “regar” a plantinha antes que ela germinasse por completo, aí sim, encontramos a solução.

Quantas vezes não agimos assim em relação a Deus?

Não notamos que introduzimos em nossa vida uma pequena semente do pecado, depois não percebemos que passamos a alimentar o pecado com nossas atitudes de autossuficiência e agravamos a doença de nossa alma.

Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos.” (Tg 1: 14-16)

A Palavra diz que somos tentados pelos nossos próprios desejos enganosos (concupiscência). É ela o pequeno grão de feijão que colocamos, não no nosso ouvido, mas na nossa alma. Acreditamos que satisfazendo nossos desejos, eles sairão de nós, que eles deixarão de nos tentar, como eu acreditei, ingenuamente, que o feijão sairia pelo meu outro ouvido.

A verdade é que um desejo enganoso alimenta outro. Quando percebemos, estamos em um círculo vicioso do qual não conseguimos sair sozinhos. O Palavra do Senhor nos alerta quanto a essa situação quando diz que um abismo chama outro abismo (Sl 42:7) e ,depois que o pecado cria raízes, sua extração se torna, crescentemente, mais difícil e dolorosa.

O grande problema do pecado é que ele nos cega para o verdadeiro remédio e nos empurra em direção a uma vida cada vez mais corrompida. A torpeza causada pelo pecado é tão grande que acreditamos que a única solução possível nos trará um mal ainda maior. Por causa da nossa autossuficiência, achamos que Deus se comportará como um homem e nos jogará no rosto os nossos pecados e depois virará as costas, por isso queremos resolver o problema sozinhos e lançamos sobre nosso pecado paliativos que só o farão crescer e se fortificar e germinar se transformando em raízes de iniquidade. Há pessoas que carregam árvores inteiras de iniquidade porque decidem esconder de si próprias a realidade de que são falhas e que necessitam de ajuda.

Deus tem prazer em nos resgatar, mas Ele não pode consentir o pecado e quando a iniquidade se torna um traço do caráter da pessoa só há uma decisão que o Senhor pode tomar:

Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.” (Mt 7: 17-19)

Felizmente, quando admitimos nossas limitações, quando deixamos que Jesus assuma o controle da situação somos surpreendidos pela Sua graça:

O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Pv 28:13)

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 Jo 1: 9)

Só quando nos submetemos ao tratamento correto, quando admitimos nossa incapacidade em lidar com o pecado e nos livrarmos dele com nossas próprias forças, deixamos que a graça de Jesus faça o seu trabalho. Somente pela graça (não pelo nosso esforço) somos livres de todo o pecado:

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8)

É apenas o Senhor Jesus aquele que pode nos sondar, ver dentro de nós onde estão e quais são as raízes que o pecado instalou em nossa alma e, como um médico bondoso, nos confortar enquanto arranca de nós o mal que, certamente, nos condenaria.

E depois que aceitamos todo esse tratamento, podemos ver um fio de sangue correndo, não de nossas almas, mas do coração amoroso daquele que se entregou em nosso lugar.No finalzinho dos anos setenta e no início dos anos oitenta houve uma crise de abastecimento de feijão no estado do Rio de Janeiro, como eu ainda estava no jardim de infância, eu não sei precisar o tamanho nem a duração desse problema, mas esse é um detalhe que não passa despercebido nesta história.

Como eu disse, eu estava no jardim de infância e comecei a me queixar de dor no ouvido. Como qualquer mãe, a minha tinha uma “farmácia” de remédios para criança colecionados das várias visitas ao pediatra e pingou algumas gotas de um dos remédios em meu ouvido. Aquela era uma situação que minha mãe tinha vivido várias vezes e ela não se perturbou muito a princípio, porém a preocupação cresceu com a persistência da dor.

Já havia se passado alguns dias e a dor de ouvido não melhorava, ao contrário, o problema aumentava. Minha mãe me levou a um hospital de emergência e lá, o médico que me atendeu disse que havia um objeto estranho em meu ouvido que parecia ser um grão de feijão. Minha mãe, de imediato, duvidou e falou ao médico que era pouco provável ser um grão de feijão em função da crise de abastecimento, mas autorizou o médico a fazer a remoção daquele corpo estranho.

Lembro-me que, antes de extrair o objeto, o médico ainda foi simpático comigo tentando apostar se sairia um grão de arroz ou de feijão, mas era tudo estratégia para me distrair da intervenção dolorosa que aconteceria. Acho que foi minha tia que me segurou para o médico pinçar e remover o que se revelaria um grão de feijão. Minha mãe diz que o ouvido estava tão inflamado que um pequeno fio de sangue correu por um curto tempo após a extração do grão.

O curioso (e por que não dizer “engraçado”?) foi que o feijão estava inchado e (pasmem!) germinando. A casca já havia se soltado do miolo e o grão já estava rachado ao meio com um milimétrico broto apontando. Saí do hospital no mesmo dia e hoje sou muito grato a Deus por ter a audição perfeita e por não ter me tornado a primeira criança do mundo a carregar um pé de feijão no ouvido.

Depois de muito pensar, minha mãe descobriu que o grão que “entrou” em meu ouvido veio de um trabalho manual feito na escola que envolvia a colagem de grãos de feijão em uma figura.

Até hoje damos risadas quando minha mãe conta essa história em família, mas uma simples traquinagem (sim, fui eu mesmo que coloquei o feijão por um ouvido acreditando que ele sairia pelo outro!) poderia ter se tornado um problema muito sério. Felizmente minha mãe percebeu seu erro a tempo: o remédio que deveria aliviar minhas dores estava piorando a situação. Quando ela procurou ajuda médica e parou de “regar” a plantinha antes que ela germinasse por completo, aí sim, encontramos a solução.

Quantas vezes não agimos assim em relação a Deus?

Não notamos que introduzimos em nossa vida uma pequena semente do pecado, depois não percebemos que passamos a alimentar o pecado com nossas atitudes de autossuficiência e agravamos a doença de nossa alma.

Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos.” (Tg 1: 14-16)

A Palavra diz que somos tentados pelos nossos próprios desejos enganosos (concupiscência). É ela o pequeno grão de feijão que colocamos, não no nosso ouvido, mas na nossa alma. Acreditamos que satisfazendo nossos desejos, eles sairão de nós, que eles deixarão de nos tentar, como eu acreditei, ingenuamente, que o feijão sairia pelo meu outro ouvido.

A verdade é que um desejo enganoso alimenta outro. Quando percebemos, estamos em um círculo vicioso do qual não conseguimos sair sozinhos. O Palavra do Senhor nos alerta quanto a essa situação quando diz que um abismo chama outro abismo (Sl 42:7) e ,depois que o pecado cria raízes, sua extração se torna, crescentemente, mais difícil e dolorosa.

O grande problema do pecado é que ele nos cega para o verdadeiro remédio e nos empurra em direção a uma vida cada vez mais corrompida. A torpeza causada pelo pecado é tão grande que acreditamos que a única solução possível nos trará um mal ainda maior. Por causa da nossa autossuficiência, achamos que Deus se comportará como um homem e nos jogará no rosto os nossos pecados e depois virará as costas, por isso queremos resolver o problema sozinhos e lançamos sobre nosso pecado paliativos que só o farão crescer e se fortificar e germinar se transformando em raízes de iniquidade. Há pessoas que carregam árvores inteiras de iniquidade porque decidem esconder de si próprias a realidade de que são falhas e que necessitam de ajuda.

Deus tem prazer em nos resgatar, mas Ele não pode consentir o pecado e quando a iniquidade se torna um traço do caráter da pessoa só há uma decisão que o Senhor pode tomar:

Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.” (Mt 7: 17-19)

Felizmente, quando admitimos nossas limitações, quando deixamos que Jesus assuma o controle da situação somos surpreendidos pela Sua graça:

O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Pv 28:13)

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 Jo 1: 9)

Só quando nos submetemos ao tratamento correto, quando admitimos nossa incapacidade em lidar com o pecado e nos livrarmos dele com nossas próprias forças, deixamos que a graça de Jesus faça o seu trabalho. Somente pela graça (não pelo nosso esforço) somos livres de todo o pecado:

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8)

É apenas o Senhor Jesus aquele que pode nos sondar, ver dentro de nós onde estão e quais são as raízes que o pecado instalou em nossa alma e, como um médico bondoso, nos confortar enquanto arranca de nós o mal que, certamente, nos condenaria.

E depois que aceitamos todo esse tratamento, podemos ver um fio de sangue correndo, não de nossas almas, mas do coração amoroso daquele que se entregou em nosso lugar.No finalzinho dos anos setenta e no início dos anos oitenta houve uma crise de abastecimento de feijão no estado do Rio de Janeiro, como eu ainda estava no jardim de infância, eu não sei precisar o tamanho nem a duração desse problema, mas esse é um detalhe que não passa despercebido nesta história.

Como eu disse, eu estava no jardim de infância e comecei a me queixar de dor no ouvido. Como qualquer mãe, a minha tinha uma “farmácia” de remédios para criança colecionados das várias visitas ao pediatra e pingou algumas gotas de um dos remédios em meu ouvido. Aquela era uma situação que minha mãe tinha vivido várias vezes e ela não se perturbou muito a princípio, porém a preocupação cresceu com a persistência da dor.

Já havia se passado alguns dias e a dor de ouvido não melhorava, ao contrário, o problema aumentava. Minha mãe me levou a um hospital de emergência e lá, o médico que me atendeu disse que havia um objeto estranho em meu ouvido que parecia ser um grão de feijão. Minha mãe, de imediato, duvidou e falou ao médico que era pouco provável ser um grão de feijão em função da crise de abastecimento, mas autorizou o médico a fazer a remoção daquele corpo estranho.

Lembro-me que, antes de extrair o objeto, o médico ainda foi simpático comigo tentando apostar se sairia um grão de arroz ou de feijão, mas era tudo estratégia para me distrair da intervenção dolorosa que aconteceria. Acho que foi minha tia que me segurou para o médico pinçar e remover o que se revelaria um grão de feijão. Minha mãe diz que o ouvido estava tão inflamado que um pequeno fio de sangue correu por um curto tempo após a extração do grão.

O curioso (e por que não dizer “engraçado”?) foi que o feijão estava inchado e (pasmem!) germinando. A casca já havia se soltado do miolo e o grão já estava rachado ao meio com um milimétrico broto apontando. Saí do hospital no mesmo dia e hoje sou muito grato a Deus por ter a audição perfeita e por não ter me tornado a primeira criança do mundo a carregar um pé de feijão no ouvido.

Depois de muito pensar, minha mãe descobriu que o grão que “entrou” em meu ouvido veio de um trabalho manual feito na escola que envolvia a colagem de grãos de feijão em uma figura.

Até hoje damos risadas quando minha mãe conta essa história em família, mas uma simples traquinagem (sim, fui eu mesmo que coloquei o feijão por um ouvido acreditando que ele sairia pelo outro!) poderia ter se tornado um problema muito sério. Felizmente minha mãe percebeu seu erro a tempo: o remédio que deveria aliviar minhas dores estava piorando a situação. Quando ela procurou ajuda médica e parou de “regar” a plantinha antes que ela germinasse por completo, aí sim, encontramos a solução.

Quantas vezes não agimos assim em relação a Deus?

Não notamos que introduzimos em nossa vida uma pequena semente do pecado, depois não percebemos que passamos a alimentar o pecado com nossas atitudes de autossuficiência e agravamos a doença de nossa alma.

Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos.” (Tg 1: 14-16)

A Palavra diz que somos tentados pelos nossos próprios desejos enganosos (concupiscência). É ela o pequeno grão de feijão que colocamos, não no nosso ouvido, mas na nossa alma. Acreditamos que satisfazendo nossos desejos, eles sairão de nós, que eles deixarão de nos tentar, como eu acreditei, ingenuamente, que o feijão sairia pelo meu outro ouvido.

A verdade é que um desejo enganoso alimenta outro. Quando percebemos, estamos em um círculo vicioso do qual não conseguimos sair sozinhos. O Palavra do Senhor nos alerta quanto a essa situação quando diz que um abismo chama outro abismo (Sl 42:7) e ,depois que o pecado cria raízes, sua extração se torna, crescentemente, mais difícil e dolorosa.

O grande problema do pecado é que ele nos cega para o verdadeiro remédio e nos empurra em direção a uma vida cada vez mais corrompida. A torpeza causada pelo pecado é tão grande que acreditamos que a única solução possível nos trará um mal ainda maior. Por causa da nossa autossuficiência, achamos que Deus se comportará como um homem e nos jogará no rosto os nossos pecados e depois virará as costas, por isso queremos resolver o problema sozinhos e lançamos sobre nosso pecado paliativos que só o farão crescer e se fortificar e germinar se transformando em raízes de iniquidade. Há pessoas que carregam árvores inteiras de iniquidade porque decidem esconder de si próprias a realidade de que são falhas e que necessitam de ajuda.

Deus tem prazer em nos resgatar, mas Ele não pode consentir o pecado e quando a iniquidade se torna um traço do caráter da pessoa só há uma decisão que o Senhor pode tomar:

Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.” (Mt 7: 17-19)

Felizmente, quando admitimos nossas limitações, quando deixamos que Jesus assuma o controle da situação somos surpreendidos pela Sua graça:

O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Pv 28:13)

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 Jo 1: 9)

Só quando nos submetemos ao tratamento correto, quando admitimos nossa incapacidade em lidar com o pecado e nos livrarmos dele com nossas próprias forças, deixamos que a graça de Jesus faça o seu trabalho. Somente pela graça (não pelo nosso esforço) somos livres de todo o pecado:

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8)

É apenas o Senhor Jesus aquele que pode nos sondar, ver dentro de nós onde estão e quais são as raízes que o pecado instalou em nossa alma e, como um médico bondoso, nos confortar enquanto arranca de nós o mal que, certamente, nos condenaria.

E depois que aceitamos todo esse tratamento, podemos ver um fio de sangue correndo, não de nossas almas, mas do coração amoroso daquele que se entregou em nosso lugar.No finalzinho dos anos setenta e no início dos anos oitenta houve uma crise de abastecimento de feijão no estado do Rio de Janeiro, como eu ainda estava no jardim de infância, eu não sei precisar o tamanho nem a duração desse problema, mas esse é um detalhe que não passa despercebido nesta história.

Como eu disse, eu estava no jardim de infância e comecei a me queixar de dor no ouvido. Como qualquer mãe, a minha tinha uma “farmácia” de remédios para criança colecionados das várias visitas ao pediatra e pingou algumas gotas de um dos remédios em meu ouvido. Aquela era uma situação que minha mãe tinha vivido várias vezes e ela não se perturbou muito a princípio, porém a preocupação cresceu com a persistência da dor.

Já havia se passado alguns dias e a dor de ouvido não melhorava, ao contrário, o problema aumentava. Minha mãe me levou a um hospital de emergência e lá, o médico que me atendeu disse que havia um objeto estranho em meu ouvido que parecia ser um grão de feijão. Minha mãe, de imediato, duvidou e falou ao médico que era pouco provável ser um grão de feijão em função da crise de abastecimento, mas autorizou o médico a fazer a remoção daquele corpo estranho.

Lembro-me que, antes de extrair o objeto, o médico ainda foi simpático comigo tentando apostar se sairia um grão de arroz ou de feijão, mas era tudo estratégia para me distrair da intervenção dolorosa que aconteceria. Acho que foi minha tia que me segurou para o médico pinçar e remover o que se revelaria um grão de feijão. Minha mãe diz que o ouvido estava tão inflamado que um pequeno fio de sangue correu por um curto tempo após a extração do grão.

O curioso (e por que não dizer “engraçado”?) foi que o feijão estava inchado e (pasmem!) germinando. A casca já havia se soltado do miolo e o grão já estava rachado ao meio com um milimétrico broto apontando. Saí do hospital no mesmo dia e hoje sou muito grato a Deus por ter a audição perfeita e por não ter me tornado a primeira criança do mundo a carregar um pé de feijão no ouvido.

Depois de muito pensar, minha mãe descobriu que o grão que “entrou” em meu ouvido veio de um trabalho manual feito na escola que envolvia a colagem de grãos de feijão em uma figura.

Até hoje damos risadas quando minha mãe conta essa história em família, mas uma simples traquinagem (sim, fui eu mesmo que coloquei o feijão por um ouvido acreditando que ele sairia pelo outro!) poderia ter se tornado um problema muito sério. Felizmente minha mãe percebeu seu erro a tempo: o remédio que deveria aliviar minhas dores estava piorando a situação. Quando ela procurou ajuda médica e parou de “regar” a plantinha antes que ela germinasse por completo, aí sim, encontramos a solução.

Quantas vezes não agimos assim em relação a Deus?

Não notamos que introduzimos em nossa vida uma pequena semente do pecado, depois não percebemos que passamos a alimentar o pecado com nossas atitudes de autossuficiência e agravamos a doença de nossa alma.

Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos.” (Tg 1: 14-16)

A Palavra diz que somos tentados pelos nossos próprios desejos enganosos (concupiscência). É ela o pequeno grão de feijão que colocamos, não no nosso ouvido, mas na nossa alma. Acreditamos que satisfazendo nossos desejos, eles sairão de nós, que eles deixarão de nos tentar, como eu acreditei, ingenuamente, que o feijão sairia pelo meu outro ouvido.

A verdade é que um desejo enganoso alimenta outro. Quando percebemos, estamos em um círculo vicioso do qual não conseguimos sair sozinhos. O Palavra do Senhor nos alerta quanto a essa situação quando diz que um abismo chama outro abismo (Sl 42:7) e ,depois que o pecado cria raízes, sua extração se torna, crescentemente, mais difícil e dolorosa.

O grande problema do pecado é que ele nos cega para o verdadeiro remédio e nos empurra em direção a uma vida cada vez mais corrompida. A torpeza causada pelo pecado é tão grande que acreditamos que a única solução possível nos trará um mal ainda maior. Por causa da nossa autossuficiência, achamos que Deus se comportará como um homem e nos jogará no rosto os nossos pecados e depois virará as costas, por isso queremos resolver o problema sozinhos e lançamos sobre nosso pecado paliativos que só o farão crescer e se fortificar e germinar se transformando em raízes de iniquidade. Há pessoas que carregam árvores inteiras de iniquidade porque decidem esconder de si próprias a realidade de que são falhas e que necessitam de ajuda.

Deus tem prazer em nos resgatar, mas Ele não pode consentir o pecado e quando a iniquidade se torna um traço do caráter da pessoa só há uma decisão que o Senhor pode tomar:

Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.” (Mt 7: 17-19)

Felizmente, quando admitimos nossas limitações, quando deixamos que Jesus assuma o controle da situação somos surpreendidos pela Sua graça:

O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Pv 28:13)

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 Jo 1: 9)

Só quando nos submetemos ao tratamento correto, quando admitimos nossa incapacidade em lidar com o pecado e nos livrarmos dele com nossas próprias forças, deixamos que a graça de Jesus faça o seu trabalho. Somente pela graça (não pelo nosso esforço) somos livres de todo o pecado:

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8)

É apenas o Senhor Jesus aquele que pode nos sondar, ver dentro de nós onde estão e quais são as raízes que o pecado instalou em nossa alma e, como um médico bondoso, nos confortar enquanto arranca de nós o mal que, certamente, nos condenaria.

E depois que aceitamos todo esse tratamento, podemos ver um fio de sangue correndo, não de nossas almas, mas do coração amoroso daquele que se entregou em nosso lugar.